Investigadores australianos e internacionais desenvolveram um modelo capaz de prever escassez de alimento para as raposas-voadoras australianas (flying foxes) com até nove meses de antecedência.
A equipe acredita que esta ferramenta poderá ajudar na gestão da vida selvagem e em períodos de maior risco de transmissão do vírus Hendra para cavalos, que pode ser fatal.
A falta de alimentos — muitas vezes causada por fenómenos climáticos — leva estes grandes morcegos frugívoros a deslocarem-se para áreas urbanas e agrícolas, aproximando-se de pessoas e, sobretudo, de cavalos.
Como as raposas-voadoras são portadoras naturais do vírus Hendra, estas deslocações aumentam a probabilidade de contágio.
Para identificar sinais precoces de escassez, os investigadores recorreram a métodos de aprendizagem automática, analisando indicadores como estações do ano, o Índice Oceânico de El Niño, e registos de número e peso de morcegos recolhidos por centros de resgate.
A combinação destes dados permitiu construir um sistema de previsão capaz de antecipar períodos críticos com meses de avanço.
Num artigo divulgado pela Royal Society, os autores sublinham que períodos de stress alimentar já foram associados à migração destes animais para zonas povoadas, elevando o risco de transmissão do vírus Hendra a cavalos.
O novo modelo oferece, assim, uma prova de conceito para sistemas de alerta precoce que possam orientar estratégias de gestão da vida selvagem e medidas de saúde pública destinadas a reduzir o risco de contágio.








